Horizonte Brinda a um Feliz Ano de 2012

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sábado, 23 de janeiro de 2010

Até um animal pode amar

Esta é a história duma cadelinha chamada Chiquinha contada por ela própria

Nasci numa quinta no Cartaxo.Quando tinha perto de um mês muito fofinha, com pelo castanho às risquinhas pretas quase parecia um pequeno tigre......um rapaz de 15 anos resolveu adoptar-me, mas para chegar até ele tive de subir uma ribanceira enorme, como era tão bébé rebolava e voltava ao mesmo sitio.Utilizei todas as minhas forças e ufa!.......lá consegui, mas valeu a pena porque o rapáz vendo a minha valentia encheu-me de mimos, coisa que não conhecia desde que nasci.O pior foi quando cheguei a casa do rapaz numa cestinha de verga a mãe dele ficou muito zangada e eu pensei "agora é que isto não está a correr nada bem!.....".O rapaz lá deu a volta á mãe e acabei por ficar. Afinal a senhora mãe até me tratou muito bem. Levou-me ao médico dava-me papa, biscoitos ,trazia-me em casa de boleia no bolso do robe, levavam-me a passear,faziam-me muitas festas, brincavam comigo afinal eu era o brinquedinho lá de casa e que sorte que eu tive.
Cresci e cada vez me dediquei mais á senhora mãe, porque foi ela que passou a tratar de mim a tempo inteiro. Todos os dias me levava imensas vezes á rua, porque eu era muito asseadinha.Dava-me banhinhos muito gostosos com água quentinha e eu ficava muito cheirosinha,cortava-me as unhas que eu não gostava nada brrrr........e ela passou a ser o meu idolo. Seguia-a para todo o lado da sala para o quarto, do quarto para casa de banho ...ás vezes até me ralhava porque eu lhe passava rasteiras. Trocavamos caricias e mimos mutuamente.Ela fazia muitas festinhas e dava muito colinho, e eu compensava com muitas lambidelas nas mãos que eram os meus beijinhos a retribuir.
Adoeci e tive de fazer uma cirurgia, a minha dona no dia que me deixou no hospital chorou todo o tempo, sempre a telefonar se eu estava bem e quentinha e até compreendi porque tambem estava cheia de saudades.Foi uma alegria quando voltei para casa.
E a minha vida continuou sempre repleta de carinho,mas eu tambem compensei com muitas manifestações de alegria e de lealdade.Os meus donos não iam nem fins de semana nem férias que não me levassem,tinha uma caminha tão fofinha e quantas noites a minha dona se levantava da cama, para me aconchegar os cobertores se fazia frio.De manhã era eu que acordava a minha dona empoleirada na cama com a pata puxava-lhe a mão e gania baixinho para ela acordar.
Só não gostava nada que ela fosse para o computador e passava horas sem se lembrar de mim mas eu com o focinho dava sinal da minha presença ou então com os ladrares suaves.
A idade foi avançando e comecei a ter os problemas que todo o ser vivo na velhice tem.

Fiquei com o focinho quase todo branco o meu pelo passou a ser mesclado de castanho e branco ,as riscas quase desapareceram.Estava muito magra porque não assimilava os nutrientes .Já não sustia os meus xixis e passei a usar fralda ,mas apesar destas minhas fragilidades os meus donos continuavam a fazer de tudo para que eu me sentisse o mais confortavel, e nunca deixaram de me acarinhar.

Deixei de comer de beber perdi as forças e a minha dona não saiu junto de mim nem um minuto. Mas chegou o dia que recebeu a noticia tão dolorosa de ter de acabar com o meu sofrimento.

Foi com o focinho entre as mãos da minha dona que serenamente adormeci a olhar para ela, e nos meus olhos, tenho a certeza que ela confirmou toda a minha gratidão por estes dezasseis anos que fui tão feliz junto dos meus donos e lhes retribui com toda a lealdade fui companheira fiel, e os amei incondicionalmente.

Esta história faz parte da minha vida e toca-me profundamente.Fez um mês que perdi esta grande companheira, foi um membro desta familia deu-nos muitas alegrias todo o esforço investido nela teve o seu retorno.Foi tanto o que nos deu ....... que eu é que tenho a agradecer.
Aproveito para fazer um apelo. Pensem bem antes de adquirirem um animal passam a ter uma grande responsabilidade entre mãos, tratem-no como membro da familia ou se não........! é preferivel desistir.
Fez-me bem partilhar esta história convosco,desculpem se me alonguei.
Beijinhos
Ana


5 comentários:

Elvira disse...

Ai amigas
Está o baile armado como se dizia na minha terra, ou por outras palavras começou a choradeira!!! pronto, falam-nos ao coração e lá estamos nós. Mas também a história está tão bem contada...
Ainda bem que que aquele rapazito de 15 anos, em boa hora, resolveu levar a Chica para casa. Se todos os meninos tivessem atitudes destas e mães como ele, os nossos animais teriam aquilo que todos merecem: CARINHO e muito AMOR. Eles afinal retribuem, como muito bem a Ana disse em dobro toda a atenção que lhes dedicamos
Ainda bem que deitaste cá para fora esta linda história de amor
Certamente ficaste mais aliviada e nós a conhecer melhor esse coração tão lindo. Ainda bem que não te perdi de vista ao longo destes anos todos.
Tenho orgulho em ser tua amiga
Biba

HORIZONTE disse...

Esta é uma história verdadeira de um animal muito amado pelos donos.
Não tenho essa experiência mas é fácil de compreender o amor que se pode têr pelos animais e a tristeza de os perder.
Beijinhos Paulinha

Dulce Gomes disse...

Ai Ana, minha amiga, tal como disse lá atrás a Biba que está o baile armado, eu digo como costumo dizer:rebentei o dique...
Ana que linda e comovente partilha que nos deixou. Quando criamos um bichinho, seja ele qual for, quando parte fica um vazio igual à perda dum familiar e só quem nunca passou por isso poderá achar um exagero.
É um luto que custa muito porque a casa fica vazia.

E como deve ser dificil ter que tomr essa ultima decisão...

Um beijinho muito grande para todas e um muito especial para si.
Dulce

HORIZONTE disse...

De coração agradeço as vossas palavras, e podem crer que foi das piores decisões que tive de tomar,mas fica a recordação de momentos muito felizes que passei com ela.
Mas cá continuo com o meu rouxinol o meu piriquito e o meu peixinho Pipoca,esta minha casa não pode passar sem ter uns seres vivos para alegrar o silencio que os filhos deixaram.

Beijinhos de ternura
Ana

HORIZONTE disse...

Que linda e comovente a história da Chiquinha: não me contive e "desabei": até me fez bem e penso que a si, Ana, a deve ter aliviado bastante. Fez muito bem em narrar (e de que maneira fantástica), a história de vida da sua cadelita convosco: foi linda! Só quem tem ou teve sempre animais, compreende o muito que eles nos dão e o vazio que nos deixam quando têm que partir.
Um grande beijinho Ana.
Isa