CONTO

O Menino Bombeiro

Rita era uma jovem mãe, com apenas 26 anos. Passava mais uma noite junto da cama do seu filhinho de 5 anos, com leucemia. Embora o seu coração estivesse cheio de tristeza e angústia, vivia a vida com determinação e coragem. Como qualquer outra mãe, a Rita gostaria que o seu filho crescesse e realizasse os seus sonhos. Mas isso não era possível, dada a doença que o minava. Mas, mesmo assim, segurando a mão do filho, perguntou-lhe: - Filipe, o que gostarias de ser quando fosses crescido? - Mãe, eu sempre sonhei ser bombeiro! - A mãe sorriu e disse: "Vamos ver se podemos transformar esse sonho em realidade".
Mais tarde, naquele mesmo dia, a Rita foi à sede dos bombeiros, onde encontrou um bombeiro de coração magnânimo. Explicou-lhe a situação do seu filho, o seu último desejo e perguntou ao bombeiro se seria possível a uma criança de cinco anos dar uma volta no carro dos bombeiros, nem que fôsse à volta do quarteirão. O bombeiro que escutara comovido a situação daquela mãe, disse:
-"NÓS PODEMOS FAZER MAIS DO QUE ISSO!" Se estiver com o seu filho pronto às 8 horas da manhã, nós fá-lo-emos bombeiro honorário durante todo o dia. Ele poderá vir para o quartel, sair para atender as chamadas de incêndio! E se nos der as medidas do Filipe, conseguiremos um uniforme completo".
Três dias depois, o bombeiro foi ao hospital buscar o Filipe, vestiu-o com o uniforme de bombeiro e escoltou-o do leito do hospital até ao camião dos bombeiros. O Filipe ficou sentado na parte de trás do camião e foi levado até ao quartel central. Ocorreram três chamadas naquele dia, e o Filipe acompanhou o corpo de bombeiros nos três pedidos de auxílio. Em cada chamada foi em veículos diferentes: no camião tanque, na carrinha dos paramédicos e até no carro especial do comandante do corpo de bombeiros. A realização do seu sonho, o carinho e atenção com que o trataram, deram ao Filipe mais três meses de vida para além do que os médicos tinham previsto.
Uma noite, todas as sua funções vitais começaram a falhar, e a enfermeira-chefe, apressou-se a chamar toda a família. Lembrou-se também do dia que ele tinha passado como bombeiro e ligou ao comandante do quartel, se seria possível enviar algum bombeiro ao hospital para ficar com o Filipe. O chefe dos bombeiros respondeu:
-"NÓS PODEMOS FAZER MAIS DO QUE ISSO!" e faça-me um favor: quando ouvir as sirenes e vir as luzes dos nossos carros, avise o sistema de alarme que não se trata de um incêndio. É apenas o corpo de bombeiros que vai visitar um dos seus mais distintos membros. E é possível abrir a janela do quarto dele?"
Dez minutos depois, uma carrinha e um camião com escada, chegaram ao hospital, estenderam a escada até ao andar onde estava o Filipe e 16 bombeiros subiram pela escada até ao quarto. Abraçaram o pequeno bombeiro com todo o carinho. Com um suspiro final, Filipe olhou para o comandante e perguntou:
-"Chefe, eu sou mesmo bombeiro?"
-"Filipe, tu és um dos melhores".
Com estas palavras, o Filipe sorriu e fechou os seus olhos pela última vez.